Definições são medíocres

maykon
5 min readFeb 11, 2021

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Sobre sessões de terapia…

Talvez para podermos ter um norte, uma direção pra ir, talvez eu seja mais complexo e tenha mais problemas que os habituais, diferentes ou com mais traumas, mas é difícil querer ir para um único caminho quando se há inúmeros deles.

Porque eu literalmente não sei quem eu sou mais, me definia antes como um mistério para mim, porque eu tenho medo de me conhecer, mas estou disposto a seguir.

Eu olho a tela piscando e ela me olha de volta, as palavras somem…

Quem é você? quem sou eu, quem somos nós?

Eu sou um jovem tentando amadurecer, evitando tantas coisas que talvez tenha esquecido de viver novamente, de conhecer novas pessoas, sejam elas amizades, relacionamentos, família. Eu; nos últimos anos evitei praticamente todo tipo de conexão com pessoas, e me vi cada vez mais sozinho, porque eu queria aprender a viver sozinho, e até acho que eu tenha conseguido, esses últimos dias tentei me relacionar com algumas pessoas, mas ontem (domingo 18/10/2020) me vi irritado por estarem enchendo meu saco.

Mas a pergunta sempre volta, pra que me definir, doutora?

Revisitando minha definição de um ano atrás, quando comecei também a fazer terapia, encontrei algumas coisas que ainda vivem comigo

A fotografia

O poder de congelar aquele exato e específico momento é mágico, uma sensação gostosa, estupenda, que só se pode sentir. Afinal quem somos nos nesta vasta arena cósmica? Viver é arriscar tudo, caso contrário você é apenas um pedaço inerte de moléculas montadas aleatoriamente à deriva onde o vento leva… Rick and Morty. Algo que vai além das memórias. E isso diz muito sobre quem eu sou, a capacidade de iniciativa, afinal “se eu não for por mim, quem o será?” — Hillel

A escrita

Escrever sempre foi algo que esteve presente, desde os primórdios, lembro-me quando ainda no colegial escrevia nas últimas paginas no caderno, hoje — quase 20 anos depois e — ainda escrevo, talvez isso fosse um escape, de tudo que carregava e ainda hoje o carrego. Entretanto, tenho deixado tanta coisa passar entre os dedos, na língua e talvez na memória, em vão buscando o vazio, e ainda procuro, sem previsão de volta, um limbo temporal, largado dentro do espaço-tempo, e sem expectativa de voltar a vida.

Dependente

Ser dependente foi algo que descobri que tinha, depois que o meu casamento se quebrou, bem como a ansiedade, não somente emocional, mas físicas também como a cafeína, que me move, fortalece, faz sentir-me vivo, é também uma alegoria, algo como um porto seguro, a firmeza que ninguém pode me dar, a sensação de pés no chão, quando quero desistir e me apego a ideia do café como uma amizade, Os amigos da saudadeLogo lembro que a amizade verdadeira é semelhante a um bom café, e uma vez frio, jamais voltará ao sabor de origem.” — Emanuel Kant.

E também ansioso

A ansiedade me pegou durante o meu termino de casamento, e ela agora é a mais presente de todas as emoções, e acredito que talvez tenha até difundido todo o resto, quase tudo que eu sinto, vem carregado de ansiedade.

“O filósofo Søren Kierkegaard, que vivia entre crises de ansiedade e atropelamentos de depressão, certa vez disse:

A ansiedade é a tortura da liberdade.

É como ter milhares de possibilidades e não se apegar a nenhuma. É poder escolher todos os pratos de um cardápio, caminhar por todas as ruas, fumar todos os cigarros — e ao mesmo tempo nada disso. O ansioso não é essencialmente pessimista, mas um alarmista. Tal qual os gatos o ansioso tenta sempre cair de pé, preparado-se para a queda antes mesmo da gravidade. —

.”

Eu sonhei que a minha mãe estava viva

Sonhei que ela tinha acabado de chegar de viajem, e que na verdade a sua morte, era apenas um sonho, fiquei pensando que é possível que meu corpo tenha se apegado a essa ideia, as vezes eu escuto-a chamando e gritando pela casa, talvez eu esteja alucinando ou criado isso na mente.

Será que eu conseguir elucidar, uma definição coerente?

Há tanto em mim pra se dizer, minha auto-estima é boa, mas o complexo de inferioridade não, me faz desacreditar em tudo que eu sou e posso ser, que eu não vou ser ninguém. As minhas “bads” quase que constantes, há tanto em mim que um um texto com algumas palavras não podem me definir.

Eu não consigo acreditar em mim ou nas coisas que eu faço, sabe? Todos dizem que eu escrevo super bem, que fotografo, que me dedico, faço tudo da melhor maneira possível, mas inconscientemente meu eu, rejeita tudo isso.

A ultima terapeuta pediu para que eu falasse com as pessoas próximas o que elas achavam, admiravam, qualidades e defeitos, e eu até em assustei com quanta coisa boa, e quanta inspiração havia em mim para aqueles que me cercavam.

Começo com afinco muitas coisas e paro, sim eu paro sempre pela metade, ou não tenho mais tesão pra continuar é algo que também faz parte.

Desconexão com o mundo, um desacreditado, sem amor pela vida e maiorias das pessoas, sem vontade de viver, e nenhum prazer por nada.

Olho o relógio e conta-se uma hora pra a sessão começar — 14:22hrs.

FICHA TÉCNICA

Texto: Maykon Miranda
Produção e revisão: Maykon Miranda
Edição: Maykon Miranda

AGRADECIMENTOS

Senhoras e Senhores,

Gostaria de deixar aqui os meus sinceros agradecimentos para todos que me leem, afinal, com toda essa vastidão de informações na internet, se você está lendo este conteúdo é por que você o escolheu, e assim, me sinto honrado. Mais uma vez; muito obrigado!

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